The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

We Are The World (again)

Numa altura em que parecem não haver regras para o que quer que seja, em que cada um faz o que quer e em que os valores morais parecem não existir, ainda podemos distinguir alguns sinais que nos devem orgulhar. Muito se fala sobre o papel dos media na sociedade e sobre o papel da sociedade nos media. Muito se criticam ambos.
Porém, é quase reconfortante ver como uma "sociedade" de músicos e pessoas tão diferentes se soube unir, 25 anos depois, para re-gravar "We Are the World" e apoiar as vítimas do terramoto no Haiti. Dos participantes do vídeo dos anos 80 já poucos restam, mas foram substituídos por grandes nomes do mundo do espectáculo da actualidade.
O vídeo foi transmitido ontem, antes no início da cobertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, na NBC. Há quem diga que os media estão corrompidos. Mas são os media que conseguem promover este tipo de iniciativas e globalizá-las.





Caldas da Rainha, 13 de Fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Deja vu?

Em Outubro de 2004, o senhor engenheiro fez futurismo. Eis algumas das declarações que fez na altura, certamente referindo-se aos dias de hoje:

"Eu não me lembro de um episódio tão triste e que envergonhe tanto a democracia como um episódio deste tipo."

"Estou convencido que houve aquilo que está à vista de todos: uma queixa do Governo que levou ao silêncio de um comentador."

"Acho que o Primeiro-Ministro deve uma explicação ao país e deve, principalmente, um pedido de desculpas ao país."

"Um ministro do seu governo fez uma pressão ilegítima junto duma estação privada e que conduziu à eliminação de uma voz incómoda para o seu governo."

"Esse episódio é um episódio indigno de um governo democrático."

"Sr. Primeiro-Ministro, isso é uma nódoa que o vai perseguir."

"Este acto vem manchar o nosso regime democrático."

"Lamento que o senhor Primeiro-Ministro se escude permanentemente no silêncio."

"O governo actuou com o objectivo de eliminar uma voz incómoda."

"Nunca nos tempos do governo socialista isto aconteceu. Nem nunca o governo se queixou das vozes incómodas."

Estas declarações são tão insólitas que, para que não se duvide do que aqui se transcreve, aqui fica o vídeo onde podem ser comprovadas, a partir do minuto 19.




Lisboa, 11 de Janeiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

"M" Syndrome

Já todos sabíamos que a habilidade do senhor engenheiro para governar era quase tanta como para fazer jogging: eram duas actividades que fazia no tempo livre. O que ainda não estava completamente esclarecido ou, pelo menos, explícito, era a sua falta de habilidade para governar mal. Que não sabia governar bem, não era novidade. O que me espanta é que também não saiba governar mal.
Olhe-se, por exemplo, para o senhor major ou para o senhor presidente. Repare-se na forma como conseguem que o futuro lhes sorria. Têm a capacidade de manipular resultados e, principalmente, de o fazer impunemente. A discrição, a forma subliminar, a dissimulação com que puxam os cordelinhos, apesar de reprovável, tem que ser elogiada.
Sempre achei que as jogadas eram as mesmas entre rosas e laranjas. Uns não eram melhores nem piores que os outros. Contudo, os rosas sabiam fazê-lo pela calada, enquanto os laranjas eram sempre apanhados em flagrante.
Agora, o senhor engenheiro não conseguiu nem chegar perto da dissimulação a que os rosas nos habituaram. Depois de inúmeros outros casos em que já no ar ficara a suspeita de ter metido o dedinho, agora o descaramento chegou ao cúmulo. Já nem houve lugar para os telefonemas a pressionar ou para as mensagens em código. Foi, simplesmente, no meio dum restaurante, para quem quisesse ouvir. Eu sentir-me-ia até desrespeitado e insultado se fosse o director do canal em questão. Quer dizer, lá por ser um canal dirigido por um fundador laranja, não é preciso ter menos respeito por isso. Ao outro, que era do amigo espanhol, dignou-se a manipular minimamente como devia ser. Ao público, porque mandava, só teve que mandar e pronto (e mesmo assim fê-lo dando a transparecer que não o tinha feito). Mas a este, que é destro, já só lhe calha uma altercação pública. Onde está, afinal, a igualdade?
Não nutro especial simpatia ou admiração pelo jornalista-louco. E o facto de ter uma longa e meritória carreira (que é inquestionável) não é para aqui chamado. Porém, tudo tem limites. As crianças mimadas que fazem birras quando lhes dizem que não podem ir brincar com os comboios e os aviões ficam de castigo, em vez de irem para o recreio. Quanto tempo mais será preciso, quantos mais amuos, para que esta criança seja posta de castigo?
Podemos aceitar que o senhor engenheiro não gostasse que na televisão espanhola a jornalista desse opiniões. E que na portuguesa o professor aconselhasse livros (nem todos podemos ter a sensibilidade para a suprema actividade da leitura; há quem não consiga passar das revistas cor-de-rosa e com esses temos que ser solidários). Mas, caramba, que mal tinha um velho senhor a dizer, numa voz arrastada e quase poética, enquanto o mapa deste país surgia no ecrã com a meteorologia para o dia seguinte, que passavam vinte anos desde a queda do muro e que os cravos tinham sido há trinta e cinco?
Aí está! Se calhar tinha mal dizer que o velho continente é livre e que o nosso país é democrático. Para alguns isso não costuma cair bem.

PS (post scriptum) - Enquanto escrevia, descobri uma possível causa para este problema do senhor engenheiro. Na verdade, pode padecer de uma rejeição da letra M. Senão veja-se: Moura Guedes, Moniz, Marcelo, Mário Crespo e, fala-se, Medina Carreira. Outros mais poderão haver que não me recorde e que derrubem esta teoria. Se assim for, em nome da liberdade de opinião e de expressão, alguém me corrija.


Caldas da Rainha, 3 de Fevereiro de 2010