The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Mudança

Vivemos num mundo de mudança. Tudo muda. Nós mudamos, a realidade à nossa volta muda, coisas que vemos e coisas que não vemos mudam. É inegável e impossível escapar. Quantas vezes não nos achamos a pensar em como éramos diferentes quando éramos crianças, ou como havíamos sido diferentes na noite anterior.
A mudança é constante. Mudamos muito, ao longo dos anos. Mas mudamos pouco, muitas vezes. A cada segundo estamos diferentes. A influência que a sociedade em que nos inserimos exerce em nós torna-nos vulneráveis a quase tudo e provoca alterações na nossa forma de estar, na nossa forma de ver o mundo, na nossa forma de pensar e, sobretudo, na nossa forma de ser.
Vulgarmente nos acusamos uns aos outros de termos mudado. Frequentemente, associa-se a palavra “mudança”, pelo menos neste sentido humano, a algo mau. Todos reparam quando mudamos “para pior”, todos criticam e julgam. Mas quando a mudança tem o sentido inverso, é difícil encontrar quem sequer a comente.
Contudo, desfaçamos o mito. A mudança não é o piorar de nada. É, simplesmente, uma alteração. Diariamente, confrontamo-nos com mudanças, quer no mundo físico, quer no mundo humano. De manhã está sol e, há tarde, já só vemos nuvens. Hoje estamos felizes, amanhã deprimidos. Até nos mais diversos âmbitos da vida social as mudanças se operam. Lutero era cristão e, a certa altura, professou o protestantismo. Políticos vários começam o seu percurso na direita e terminam-no na esquerda, enquanto outros fazem o caminho inverso. Até o Figo jogava, num dia, no Barcelona e, no dia seguinte, no seu maior rival.
Desde sempre que a ideia de mudança foi vista com algumas reticências. Nunca é fácil aceitar que o status quo seja alterado, quanto mais quando essa alteração é repentina. Mas é necessário estarmos preparados para isso. Ninguém podia prever que as torres iam cair, mas elas caíram e mudaram o mundo. Ninguém podia prever que empresas com enormes lucros iriam falir, mas isso aconteceu, a crise generalizou-se e temos que acarretar com as consequências.
Vendo bem as coisas, desta perspectiva, a mudança não é algo de tão grandioso, que mereça um texto. Grande novidade, que tudo muda sabemos nós todos. Certo. Que o hoje é diferente do ontem e do amanhã é trivial. Até que de geração em geração há diferenças substanciais não é surpresa. Já Camões dizia que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.
Não é, portanto, à mudança no seu sentido mais lato e sociológico que queria chegar. Não é para essa mudança que não estamos preparados porque, por mais abrupta que seja, sabemos sempre que o estado das coisas não é estático.
O que é verdadeiramente preocupante é a forma como é encarada a mudança pessoal de cada um. A forma como se olha de lado para aquele que antes era uma coisa e hoje é outra. A sociedade tem a infeliz capacidade de julgar precipitadamente. Não chegando o julgamento com base em estereótipos, é comum que esses julgamentos sejam apimentados com factores particulares. É muito mais “aliciante” comentar uma pessoa que, no dizer de alguns, “mudou” do que uma outra que, por muito que se tenha a dizer, continua igual.
Em primeiro lugar, é absolutamente ridículo este tipo de pensamento. Muitos o sabemos, mas poucos o recusamos, já que o “comentário” é algo intrínseco à condição humana. Em segundo lugar, é absurdo pensar que há pessoas que se mantêm “iguais”. Quando se ouve dizer isso, podemos estar seguros que é uma mentira. Pura e simplesmente, é impossível que assim seja.
Mudamos constantemente, a cada dia que passa. Não é aí que está a novidade. São mais aqueles que criticam que os que aplaudem essa mudança. Perfeitamente banal. O que realmente importa é ver, nestas constantes mudanças (as grandes e as pequenas, as visíveis e as invisíveis), o que há de bom. Um pacote de arroz que muda de embalagem, continua a ser um pacote com o mesmo arroz.
A mudança é saudável e necessária. Por vezes, podemos achar que mudamos (ou que os outros mudam) para pior, mas isso é falso. Mudar é progredir, é crescer. Conforme “mudamos”, acrescentamos à nossa personalidade um pouco mais, sejam virtudes, sejam erros. Em qualquer dos casos, ainda que de maneiras diferentes, estamos a contribuir para o nosso desenvolvimento e, quero acreditar, para o daqueles que nos rodeiam. Por isso, tenhamos todos presente o quão importante é a mudança e aquilo que ela significa.

Lisboa, 31 de Março de 2009.

3 comentários:

carina jordão disse...

é claro qe todas as vidas são feitas de mudanças e progridem graças a elas. estamos sempre a acabar e a recomeçar, a atingir alguma coisa ou a afastarmo.nos dela. eu mudo, todos mudamos. para pior ou melhor nao sei, depende daquilo com que definirmos o bem e o mal. " e amanha não seremos o que somos, ou o que fomos "

(gostei do texto vargas! )

Carlota disse...

E como se a mudança nao fosse suficiente, mudas tu, mudo eu, mudam os nossos cerebros, muda quem nos analisa, o contexto, a conjuntura..
Um desaquar de ideias misturadas que se dissovel porque nada se integra no que foi... e ninguem preve a mudança seguinte.

Olha aqui...

Já não estou onde estava quando comentei isto, ja estou noutra posiçao, tenho um pingo no nariz, salivei.

Até já se me apetecer mudar de sitio ;)

SS disse...

K mais dizer... Tudo muda.. a cada hora, a cada minuto, a cada segundo.. tudo.. Mas, será k o ser humano está preparado para a Mudança? Será a mudança uma forma de "Selecção Natural"? Ou será simplesment uma necessidade imanente do tempo, do espaço e da vida... eu cá (com o meu pekeno ser) axo k a mudança é simplesmente inevitavel e necessaria para o desenvolvimento do eu, do tu, do nos e do Mundo. Quanto aos Comentários... Como tu cito : "Que falem mal ou bem não importa. O que importa é que falem"