The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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sábado, 8 de janeiro de 2011

Pode não ter poleiro, mas já chegou à ribalta...

Na ronda de entrevistas que Judite Sousa realizou esta semana na RTP1 aos candidatos às eleições Presidenciais, podemos ver os vários actores políticos a esgrimirem os seus argumentos. Esta noite, foi a vez de José Manuel Coelho e pudemos ficar a conhecer alguns aspectos interessantes. Por exemplo, Coelho admite que não quer ser Presidente e apenas se candidata para representar os portugueses sem voz. 
Por outro lado, mais uma vez ficou demonstrada a qualidade de exímia entrevistadora de Judite Sousa. Perante um candidato "enraivecido", a jornalista da RTP soube controlar o seu entrevistado. E, diga-se, que este era um difícil entrevistado. À boa-maneira madeirense, José Manuel Coelho entrou na entrevista para "partir a louça toda". Por momentos, quase que se resvalava para mais um fait-diver televisivo, mas a mestria de Judite Sousa permitiu controlar a situação.
Como candidato, José Manuel Coelho demonstrou ser completamente vazio. Sem ideias e apenas com frases satíricas (como o seu slogan Coelho ao Poleiro), claramente não é uma alternativa aos demais candidatos. Ainda assim, esta candidatura parece ser importante por dois motivos: por um lado, agitar os compadrios dos habitués políticos; por outro lado, trazer para os media algumas questões interessantes, ainda que de uma forma muito suis generis.
Contudo, no final, pouco ficamos a aprender com esta entrevista. E se já vimos que a entrevistadora esteve exemplar, o problema tem que residir no entrevistado. De política percebe pouco e a forma como conta a sua aventura na Assembleia Regional é no mínimo risível. Se fosse uma comédia, seria digna de prémios internacionais. Nota ainda para o facto de José Manuel Coelho se dizer um candidato dos madeirenses e não dos portugueses. Fica a sensação que, apesar de criticar o "tiranete" (como lhe chama) Jardim, tem também o secreto desejo de ver a Madeira como um país independente.

Anedotas à parte, José Manuel Coelho tem um mérito que ninguém lhe tira: pôr a nu a injustiça de que foi vítima ao ser impossibilitado de participar nos debates televisivos. É inconcebível que se tenham realizado debates com cinco candidatos quando, na verdade, existiam mais. Ainda assim, após esta entrevista, podemos pelo menos ter a certeza que os debates que existiram foram seguramente mais sério que com Coelho. Não obstante, foram também certamente bastante mais entediantes...

Aqui fica o vídeo da entrevista, para rever.


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A integração de Cavaco

No decorrer da campanha eleitoral para as Presidenciais do próximo dia 23, muitos "argumentos" têm sido usados contra Cavaco Silva. Hesitei em chamar-lhes "argumentos", porque envergonham razões dignas desse nome. Ainda assim, assumamos que quem não tem mais por onde pegar para criticar tem que se socorrer de fait-divers ridículos e, por isso, são a base de uma argumentação.
A acusação mais hilariante de todas foi a que Manuel Alegre fez, dizendo que Cavaco tinha "ido dar o nome à PIDE", para mostrar que "se portava bem" dentro do regime ditatorial. Em primeiro lugar, mesmo que isso fosse verdade, não poderíamos acusar Cavaco de nada só por tê-lo feito, já que apenas fez o que, num regime ditatorial e com uma polícia política, fazem aqueles que querem sobreviver. Tal como Cavaco, a maioria dos portugueses estava integrada no regime, porque não tinham outra solução. Em segundo lugar, o que Cavaco escreveu na sua ficha na PIDE transcreve-se em baixo, e está muito longe do que Alegre fez crer.
Em Portugal, além dos comunistas, há ainda uns quantos "mártires" que vivem no pós-25 de Abril. Deixe-mo-los viver na sua fantasia, fingindo que isso não foi há 36 anos e nem pertence ao passado. O que é preocupante é quando alguém se candidata a Presidente da República com base apenas neste tipo de discurso, vivendo de glórias passadas, de lutas outrora travadas, mas sem uma única ideia para o Portugal de hoje.

"Integrado no actual regime político. Não exerço qualquer actividade política."

Lisboa, 5 de Janeiro de 2011