The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Subjectiva comodidade

Disse um dia alguém (não sei quem, não ouvi, disseram-me), que a expressão “Isso é subjectivo!” acaba com qualquer conversa interessante que se pudesse ter. Não sei quem foi o génio, mas tamanha máxima deveria constar de todos os manuais.
A subjectividade é, continuamente e cada vez mais, a fuga para aquilo que não se quer enfrentar. Hoje, em vez de admitirmos A ou B, preferimos defender-nos, dizendo: “Isso é subjectivo!”. É mais fácil, mais cómodo. Assim, não perdemos a “discussão” (o outro não a ganha) e ficamos de consciência tranquila pensado que temos uma opinião.
Esta ideia está completamente errada. E isto não é subjectivo! A vida não é subjectiva e não pode ser encarada como tal. A nossa cobardia leva-nos a contornar as coisas objectivas, a maioria das que se apresentam à nossa frente.
Ou se é, ou não se é. Não há meio-termo. Ou gosto de chocolate, ou não gosto de chocolate. Não gosto de chocolate “se”. Gosto dele se tiver forme, então gosto. O facto de ter fome não torna o meu gosto subjectivo ou não. Apesar de insistirmos continuamente em só gostar de “chocolates” quando “temos fome”.
Temos, de uma vez que todas, que assumir aquilo que somos. Assumir o risco, deixar cair a máscara. Mostrarmo-nos como somos, sem estarmos coagidos por aquilo que os outros vão pensar de nós.
Andando uns poucos metros na rua, vimos uma diversidade imensa de pessoas que, num segundo olhar, nos parecem todas iguais. Porque, na realidade, são mesmo todas iguais. As rotinas diárias, os modos de comportamento, as formas de ver, tornam a sociedade actual um corpo quase homogéneo. E mesmo as pequenas diferenças que se fazem permitem que se formem pequenos grupos dentro da sociedade, que, eles mesmos, são totalmente homogéneos na sua constituição.
Era pretender demasiado que tudo mudasse, do dia para a noite. A sociedade não se transforma subitamente nem, tão pouco, essa mudança é perceptível. Ainda assim, é fundamental que tomemos consciência que, cada vez mais, é necessário afirmarmo-nos como indivíduos em si mesmos, e não indivíduos que pertencem a um todo.
A nossa sociedade chegou a um ponto de subjectividade tal que, hoje em dia, já não sabemos o que é e o que não é. Acreditamos naquilo que nos dizem (o pai, a mãe, o merceeiro, o vizinho, o jornal, o Primeiro-Ministro) e no desmentido que lhe fazem. O status quo cada vez menos se mantém. E, se por um lado, o progresso e a evolução é positivo, há que acompanhá-los com o nosso próprio desenvolvimento.
Deixemos de lado a cómoda subjectividade das coisas a que nos habituamos a recorrer quando não queremos pensar, quando não queremos agir ou, muito simplesmente, quando não queremos ser. Assumamos, como ser humano que somos, as nossas virtudes.

Lisboa, 22 de Junho de 2009

5 comentários:

DaRk AnGel disse...

Fico muito contente com o retorno da inspiração ao Senhor Vargas (espero que a tenha utilizado também para outras coisas....)
quanto ao texto... V+ é claro (LOOL)!!!!!

Hoje em dia as pessoas utilizam o "è subjectivo" de forma a evitar o confronto, de forma a fugir a uma discussão que talvez demonstrasse que esta errado. Ou simplesmente de forma a acabar com a discussão e passar à frente, pois o tempo é pouco e as coisas a serem ditas são imensas.
Mas como sempre, discordo do seu pensaments :P
A meu ver há coisas que são subejctivas, pois tudo depende sempre do ponto de vista e dos conhecimentos de cada um detem sobre determinada matéria.. e só depois disso é que pode formar uma opinião, podendo essa ser mais clara ou mais cheia de falhas.
Utilizando o exemplo dos chocolates: Posso gostar de um tipo de chocolate (por exemplo o chocolate preto), mas posso não gostar de outro tipo (por exemplo chocolate branco).
No fim de contas não são os dois a mesma coisa, chocolate? CLARO QUE NÃO!!
Hoje, mais que nunca, nem tudo é preto e branco, há diversas tonalidades, há diversas formas de pensamento, há variadas teorias sobre tudo! com o desenvolvimento do individuo, cada um se
torna capaz de construir a sua própria teoria, a sua própria visão, o seu próprio status quo, que será qiue ainda existe?

Mais dois apontamentos:

RISCO?!?!? JÁ CHEGA não?!!!!!!

O ser humano não tem de aprender a reforçar somente as suas virtudes, mas tambem os seus erros e defeitos!

Sara disse...

O Sílvio só quer é aparecer. E, por estar aqui, lembrei-me de um desafio intelectual mesmo à tua medida:

Um homem foi a um café e roubou um copo. Como é que se chama o filme?

John disse...

Eu diria até, que esta subjectividade se relaciona com uma falta de personalidade por parte das pessoas,e nisso também a falta de compreensão, tolerância etc..
Grande texto pá, tás feito um escritor (palmadinhas nas costas) hehe!
Abraço

DaRk AnGel disse...

Shattered Glass? lool

David disse...

Primeiro que nada boas ao Grande Vargas :)

Quote: "A meu ver há coisas que são subejctivas"

É necessário não confundir "coisas" com opiniões ou gostos!
Uma coisa está definida e não há-de mudar somente porque gostamos,
ou detestamos ou achamos que devia ser assim e não assado.

Como dizes e muito bem, existem diversas formas de pensamento,
mas isso não é uma coisa, é simplesmente uma forma pessoal de pensamento.
E mesmo sobre formas de pensamento, arrisco-me a dizer que existe uma e
somente uma forma correcta de pensamento, e as outras obviamente estarão erradas ou incompletas.

Mas tudo isto é fácil de observar.
Ainda há uns dias fui a uma formação e separaram-nos por grupos,
dando diferentes papeis coloridos a cada pessoa com o fim de reunirem
todos os da mesma cor e formarem-se em diferentes áreas.
Acontece que nos deram um papel com uma cor meia azul meia roxo e
muitos foram para o attelier errado. Agora muitos dizem:
"Ah e tal aquilo é subjectivo, a cor era meio esquesita, bla, bla, bla"

Agora a questao chave. Será que a cor do papel varia?? Não!!
O conceito mantem-se, o papel continua o mesmo,
os outros é que com a sua interpretação pessoal escolheram roxo/azul.

Mas volto a frizar, afinal de contas, o papel tem definitivamente uma cor!!!
Seja ela qual for, tem-la. E isso nunca pode ser subjectivo, o que nos sugere
que metade daqueles individuos erraram a cor, com ou sem subjectividades.
No fim, isto leva-nos a grande máxima que ou acertam ou erram, ou é ou não é.


Existem sim coisas que a vista de cada um de nos podem ser
diferentes, não porque o objecto de estudo seja diferente,
sim porque nos somos diferentes,isto tudo devido aos processos de aprendizagem e socialização.

David Rashidi 27 Junho 2009