The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Chuva

O Inverno começou a bater à porta. A chuva começa a cair e o vento a soprar as copas das árvores. Os dias vão ficando mais curtos, mais escuros, mais tristes.

Em Portugal, estamos no Inverno há bastante mais tempo do que apenas uns dias. Alguns países passaram por uma tempestade e já começam a enfrentar a bonança. Por cá, continuamos com o tempo invernoso e ainda não vimos um ténue raio de sol por entre as nuvens.

Culpamos a conjuntura económica, que é culpa da conjuntura política e que influencia a conjuntura social. Mas, na verdade, a economia e a política não passam de desculpas e subterfúgios para algo que custa muito mais admitir.

Na verdade, o ser humano é e terá sempre que ser superior aos números. A nossa condição não se pode reger apenas por critérios económicos e/ou numéricos, ou corremos o risco de perder a nossa singularidade e superioridade. Aquilo que nos faz ser especiais é precisamente o que cada um tem de particular. E assumirmos a sociedade como um todo uno e homogéneo não é mais do que apagar a individualidade de cada um.

Culpar a economia por todos os males do mundo, é descartar as culpas que todos e cada um de nós tem. A economia não é mais que um sistema ao qual pertencemos, mas não é “o” sistema, nem tão pouco o mais importante. Como não o é nenhum sistema social. Os sistemas sociais são apenas isso mesmo: um aglomerado de indivíduos que partilham uma actividade e/ou objectivo.

Mas um sistema não pode condicionar todos os outros nem os indivíduos que dele fazem parte. Pelo menos, um sistema como o económico, que vai pouco mais além dos números e que não trata efectivamente de indivíduos.

Como defende uma teoria social, o sistema, o todo, deverá ser mais que a soma das partes. Por isso, o sistema económico não pode ser apenas um aglomerado de indivíduos. Antes, cada indivíduo, com a sua singularidade e unicidade deverá ter a capacidade de o influenciar. Contudo, colocando a responsabilidade de liderar o sistema nas mãos de um pequeno grupo, estamos a perder esse poder inerente à condição humana, que é o de, de facto, ser uma força motora da sociedade.

Assim sendo, na verdade, só depende de nós ter um futuro mais risonho à frente. Dirão, não desprovidos de razão, que não se vive de sonhos e o que dinheiro é fundamental. Certamente que sim, isso é inquestionável. Mas não é a sua falta que nos deve fazer esmorecer, parar de lutar e procurar soluções. Não somos uma massa amorfa incapaz de tomar decisões. Pelo contrário, somos um grande grupo de indivíduos cada vez mais instruído, com ideias, com capacidade empreendedora, como força para progredir.

No meio deste Inverno chuvoso que vamos atravessando, talvez não dependa exclusivamente de nós fazer com que a chuva pare. Mas, pelo menos, podemos abrir o guarda-chuva.


Lisboa, 6 de Outubro de 2010

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