The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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segunda-feira, 6 de abril de 2009

O poder da natureza

As notícias de nos chegam de Itália são assustadoras. Preocupantemente assustadoras. O recente sismo que abalou o “país da bota” devia ser um bom pretexto para que reflectíssemos um pouco. Aproveitando a onda de boa-fé e optimismo que se seguiu à vinda de Obama à Europa para as cimeiras da NATO, UE e G-20, seria bom que se passasse das palavras aos actos e fizéssemos, todos (não só os governantes), um pouco mais pelo planeta.
Um sismo, como o desta noite em Itália, salvo algum desconhecimento particular da minha parte, será dos poucos fenómenos da natureza que não é uma consequência directa das agressões do Homem ao meio ambiente. Ainda assim, realçando novamente o papel fundamental dos “big bosses” mundiais no combate à poluição, sigamos o exemplo do presidente Obama que, dando uma volta de 360º na política ecológica de Bush, garantiu que os EUA iriam (finalmente!) participar no combate ao aquecimento global.
Mas, voltemos ao sismo. O que me parece mais importante reter desta catástrofe é uma lição fundamental para todos nós. Já fomos milhares de vezes bombardeados com folhetins do género, já se fizeram filmes sobre isso (O Dia Depois de Amanhã, entre muitos outros), todos no nosso subconsciente, pelo menos, o sabemos. Contudo, parcas vezes nos lembramos. Este sismo, principalmente por não ser uma consequência da acção humana, vem demonstrar que nós, a Humanidade, o Homem todo-poderoso não controla, afinal, coisa alguma.
Na noite de ontem, em Itália, milhares de pessoas foram tão vulneráveis como o Homo Erectus era na Idade da Pedra. A força da natureza mostrou que é superior a todas as criações humanas, como que a dizer “Não se esqueçam, humanuzinhos convencidos e chicos-espertos, que quem manda ainda sou eu”.
Diversas vezes, achamos que tudo depende de nós. O nosso destino pessoal será, exclusivamente, uma obra nossa (redondamente errado, a sociedade também existe). O destino do país será, quase na totalidade, da responsabilidade do nosso Governo (viu-se, com a crise que nos afecta e que começou no estrangeiro). O destino do Homem está nas mãos de duas ou três superpotências (que ainda existem). Tudo isto não passa de puras ilusões. Aliás, no nosso íntimo, temos consciência da nossa pequenez. Não só nós, portugueses, mas até o americano mais individualista o sabe.
Pode parecer moralista, paternalista, pacifista ou, arrisco dizer, religioso, mas cá vai: deixemo-nos de pequenas querelas como a guerra no Iraque ou as crises diplomáticas constantes. Preocupemo-nos, primeiro, com o mal que criámos: aquecimento global, crises humanitárias, como no Darfur, desigualdades sociais, culturais, económicas, etc; depois, tenhamos atenção ao “mal” que a natureza nos pode fazer.
Não digo que parando com as guerras e o terrorismo deixem de haver sismos, não sou lunático a esse ponto. Mas, pelo menos, enquanto não viessem os sismos e os tsunamis, viveríamos todos juntos e felizes. Até certo ponto é de louvar a rivalidade (saudável), o espírito nacionalista (moderado) e a manutenção da identidade nacional e pessoal. Mas, não nos esqueçamos que, no fim (ou no princípio), somos todos como uma vara de porcos num curral: carne da mesma espécie.


Caldas da Rainha, 6 de Abril de 2009.

1 comentário:

Marta disse...

"vivamos como irmãos, ou morreremos como loucos" ou uma coisa deste género, foi dita por um senhor, não sei quem, não sei quando, não sei porquê, mas no âmbito do teu último post enquadra-se na perfeição e faz todo o sentido. não vou filosofar mais, tu já o fizeste (e bem!), confirmando a minha teoria da tua inteligência e lucidez...ahah, como estou simpática hoje!
Continua, os pequeninos momentos aqui dispendidos fazem bem, distraem e fazem-me reflectir :)
Go João!!!! **