The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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domingo, 14 de março de 2010

Às Direitas

O fim-de-semana político em Portugal ficou marcado pelo Congresso do PSD em Mafra. Já se sabia que não era um encontro decisivo e, no dizer de muitos analistas, era mais um comício tripartido que outra coisa. Nas minha perspectiva, foi muito mais que isso.

Em vez disso, foi uma demonstração de união dos sociais-democratas. Mesmo com divisões internas e com 3 candidaturas (que me perdoe Castanheira Barros, mas não me parece que entre para as contas finais), o Congresso serviu para muito mais que simples campanha.

Santana Lopes fez propostas, a meu ver, muito interessantes e pertinentes. A ideia de haver eleições directas no dia do Congresso e, principalmente, de haver um Congresso prévio é louvável. Não faz sentido fazer um Congresso depois das eleições. As discussões fazem-se antes, não depois.

Esta proposta, porém, bem como a proposta de haver uma segunda volta não foram aprovadas, para já. Mas todos os candidatos à liderança deixaram claro que poderiam voltar à discussão após as eleições. Há vontade de mudar, e isso é sempre um facto positivo.

Por outro lado, foi aprovada a proposta de haver sanções para quem criticasse a posição do partido nos 60 dias anteriores a um acto eleitoral. Pode-se pensar que é uma medida quase ditatorial, mas, se bem nos recordamos, foram todas as dissensões dos últimos anos que levaram o partido a esta situação. Ainda que discutível, pode ser positiva.

Inesquecível é, por seu lado, a intervenção de Fernando Costa, presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha. Muitos o acusam de ser politicamente incorrecto, de não se saber comportar em público e de ser inconveniente. Contudo, temos que reconhecer: Fernando Costa disse o que muitos pensam, mas quase nenhuns, com medo de “represálias”, dizem. Louve-se, por isso, a sua coragem e a forma como soube apontar a tudo e todos, sem deixar de reiterar o mais importante: a união dentro do partido e a força para derrubar o governo socialista. Se fossem todos assim…

Fora do congresso, mas também “às direitas”, uma nota de louvor também para Cavaco Silva. O Presidente da República remeteu para o Tribunal Constitucional o texto da lei dos casamentos homossexuais, com excepção do artigo que dizia respeito à adopção. Era uma atitude esperada, mas, nem por isso, menos acertada. Esperemos agora pela resposta da justiça. Pode ser que o casamento homossexual não seja um dado tão adquirido como se julgava e a proposta do PSD para a união civil registada seja vista com outros olhos.

Em conclusão, reitera-se o pedido de Pedro Passos Coelho ao engenheiro Sócrates. Já que demorou tanto tempo a apresentar o PEC, que adie a sua discussão por duas semanas, para que o novo líder do PSD tenha algo a dizer. Ficava-lhe bem.

Lisboa, 14 de Março de 2010

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