The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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segunda-feira, 8 de março de 2010

O Triunfo das Mulheres?

Afinal, Manuela Ferreira Leite tinha razão. Afinal, o TGV devia ser adiado. Afinal, os portugueses é que não perceberam. Nada de novo, portanto. Ainda assim, não deixa de ser irónico esta pequena "vitória" de MFL. No Dia Internacional da Mulher, o Plano de Estabilidade e Crescimento é apresentado e, entre outras medidas, o governo do senhor engenheiro recua nas linhas de TGV previstas entre Lisboa - Porto - Vigo, uma medida que MFL defendeu acerrimamente na campanha eleitoral.
Mas, politiquices de fora, hoje é o Dia da Mulher. Todos os anos, quando chega ao dia 8 de Março, não consigo evitar rir-me para comigo mesmo. Não consigo encontrar nenhum "dia" mais incongruente do que este. É que o Halloween ou o Dia dos Namorados ainda têm um propósito comercial. Goste-se ou não, festeje-se ou não, pelo menos para a economia tem significado. Agora, o Dia da Mulher consegue ser ainda mais oco de sentido.
Muitos dirão que este dia destina-se a recordar que as mulheres ainda são discriminadas, que ganham menos que os homens, que são maltratadas. Seria uma perfeita falta de bom senso procurar negar estes factos. É indiscutível que, nalguns casos, nalgumas sociedades, as mulheres ainda são postas de lado. Mas daí a fazer um dia que o comemore!...
Porque repare-se, este dia mais não faz que relembrar, precisamente, o que as mulheres sofrem. Mas, na prática, não serve rigorosamente para nada. Reconheço que algo tem que ser feito, sem dúvida. Mas "dias" assim não resolvem nada. Principalmente, porque as mulheres são discriminadas nos países subdesenvolvidos, aqueles onde os "festejos" deste dia não têm relevância. Não podemos dizer, com justiça, que nos países desenvolvidos as mulheres sejam alvo de exclusão. É uma hipocrisia, ainda que muitos pseudo-feministas agitem números e estatísticas que julgam comprovar o que dizem.
E a prova do que digo está, por exemplo, nas lideranças políticas. Hillary Clinton é Secretária de Estado dos EUA, Angela Merkel é Chanceler Alemã, Catherine Ashton é Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, o governo de Zapatero é composto por inúmeras ministras. Fora esta pequena lista, há ainda os exemplos históricos de, por exemplo, Margaret Tatcher ou Madeleine Albright ou os recorrentes países nórdicos, onde as mulheres desempenham um papel fundamental na vida política.
Não me parece que se possa, assim, dizer que as mulheres são discriminadas. E esclareça-se bem: não sou, nem de longe, anti-feminismo. Simplesmente, considero que "dias" da Mulher, leis da paridade e, em suma, tudo o que seja feito para tentar colocar "a mulher" num lugar quase por encomenda é um desprestígio para as próprias mulheres. Há muitas mulheres com muitas qualidades (arrisco dizer que superam os homens) que não precisam de clichés para se afirmarem socialmente.
Em vez de se continuar com esta fantochada do Dia da Mulher, era realmente importante proteger as mulheres (e os homens) naquilo que são mais fracos (se em vez de recordar que existe, se combatesse no terreno a violência doméstica, por exemplo, talvez fosse mais louvável), em vez de relembrar a discriminação de que são alvo. Afinal, ao fim de cem anos, o "dia" da Mulher teve algum resultado?

Lisboa, 8 de Março de 2010

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