The flap of a butterfly’s wings in Brazil set off a tornado in Texas.

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domingo, 7 de novembro de 2010

Steve Doig - o matemático

Para Steve Doig, renomado professor norte-americano que durante alguns meses lecciona também na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e jornalista distinguido pelo prémio Pulitzer, não estiveram presentes, na manifestação deste sábado, cem mil pessoas. Na melhor das hipóteses, estiveram apenas dez mil. Segundo a reportagem da SIC que dá conta desta nova medição, Steve Doig é um especialista no assunto e, como tal, as suas contas são fiáveis.
Sabia que Steve Doig tinha muitos predicados, mas desconhecia esta sua habilidade para medir multidões. Seja como for, as suas contas não parecem assim tão despropositadas. Diz Doig que, quanto muito, caberiam dez mil pessoas em toda a Avenida da Liberdade e para isso tinham que estar espalmadas umas contras as outras. Ainda que me pareça que este número é reduzido, está infinitamente mais perto da realidade que os cem mil “oficiais” que os sindicatos dizem ter estado presentes na manifestação.
Obviamente que as técnicas de mediação que Steve Doig usa serão, no mínimo, questionáveis. Não pela capacidade do professor para o trabalho ou porque esteja a tentar influenciar algum dos lados, mas apenas porque, como é fácil de perceber, é difícil medir o número de pessoas numa multidão. Mas os métodos que Doig utiliza são dos mais fiáveis, tendo em conta a dificuldade do trabalho.
Porém, para aqueles que não acreditam ainda que é muito difícil terem estado cem mil pessoas este sábado na Avenida da Liberdade, façamos contas. Se um autocarro tiver em média 60 lugares, seriam precisos mais de 1600 autocarros para transportar tanto manifestante. Ainda parecem plausíveis os cem mil?
Claro que estes números são todos calculados muito no abstracto e os dados dos sindicatos até podem ser uma realidade. Contudo, parece-me muito mais credível a medição feita com algum critério por Steve Doig do que a contagem a olho feita por sindicalistas.
Já estamos habituados a que, em greves e manifestações, cada um puxe para seu lado. Até hoje, nunca soube em quem acreditar: se nos sindicatos, se no governo. No próximo dia 24, Steve Doig vai voltar à rua para fazer mais uma medição. Seguramente que as suas conclusões serão bastante diferentes das dos sindicatos. Pela minha parte, prefiro acreditar em Doig, não só por toda a credibilidade que lhe dá o estatuto de professor catedrático e prémio Pulitzer, mas principalmente pela anedota que são os sindicatos em Portugal.

Lisboa, 7 de Novembro de 2010

2 comentários:

Solange Morgado disse...

João também vi a reportagem na TV e concordo contigo.
Mas sem grandes estudos eu penso que entre os números dos sindicatos e os do governo, no meio é que está a virtude.

Alexandre Poço disse...

O método de Steve Doig, parece interessante. Para ser exacto, bastaria um staff com um número alargado. Perto de 50 pessoas, chegaria, penso eu.